Painel de abertura do congresso de TV por assinatura traz à tona interesses conflitantes das empresas dos dois setores
Eliane Pereira
01/08 - 16:58
O discurso inicial era de estabelecimento de parcerias, mas o que se viu na abertura do congresso da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) na manhã desta terça-feira, dia 01, em São Paulo, foi o desenho de um cenário de confronto aberto entre as operadoras de TV paga e as empresas de telefonia, com cada setor começando a avançar no terreno do outro.
O anúncio da compra, na sexta-feira, dia 28, da operadora de cabo Way TV, de Minas Gerais, pela Telemar marca o início de uma nova era de relacionamento entre os dois lados, e o futuro promete não ser amigável.
Único representante das empresas de telefonia numa mesa composta pelos dirigentes das maiores operadoras de pay TV do mercado brasileiro, Ricardo K, presidente da Brasil Telecom, disse que é natural que as teles participem do mercado de distribuição de vídeo, via IPTV (televisão via internet). Segundo ele, a própria Brasil Telecom já está testando o serviço. "A entrada das teles vai ampliar esse mercado para todo mundo", afirmou.
Não é o que pensa Francisco Valim, presidente da Net Serviços, maior operadora de TV a cabo do Brasil. Para ele, a entrada das teles no negócio de distribuição de vídeo, se não for bem regulamentada pela Anatel, pode significar a morte das operadoras de pay TV, pois as teles, por seu tamanho, podem oferecer o serviço a preços subsidiados, inviabilizando a concorrência.
"A telefonia fixa ainda é um monopólio de fato, e isso cria distorções de competição. Um dos cuidados que o agente regulador tem que ter é não deixar que as teles, que funcionam em regime de monopólio há tanto tempo, tirem do jogo empresas que, desde seu início, enfrentam um mercado competitivo", concordou Leila Lória, superintendente da TVA, referindo-se à concorrência existente entre as próprias operadoras de TV paga.