03 agosto, 2007

Google investe em WiMax com Sprint

Maior portal de busca do mundo é a primeira grande empresa de internet a apostar no futuro das redes wireless de cobertura nacional

Cibele Santos

31/07 - 18:16

Os consumidores em trânsito dos Estados Unidos em breve poderão acessar os serviços de email, mensagens instantâneas e agenda online do Google via qualquer aparelho móvel - celular, PDA, console portátil de games, PMP (personal media player), etc. - sem precisar de fios ou PCs, em velocidade equivalente à dos cable modems ou DSLs (digital subscriber lines), sem descontinuidade de acesso, estejam a pé ou motorizados, em qualquer lugar dos Estados Unidos.

Em acordo fechado na semana passada com a Sprint Next Corp., a Google se tornou a primeira grande empresa da internet a levar a sério a tecnologia WiMax, um setor que, apesar da lenta decolagem nos EUA (a Europa e a Ásia são mais avançados), promete se popularizar no futuro e abrir caminho para uma nova geração de aparelhos móveis.

Segundo notícia do The Washington Post, a Google desenvolverá um novo portal para a rede WiMax que a Sprint pretende testar em
dezembro nos mercados de Chicago, Washington e Baltimore, onde será lançada comercialmente em abril do próximo ano. Até o final de 2008, promete a Sprint, a cobertura WiMax estará alcançando 100 milhões de pessoas de inúmeras cidades, entre elas Austin, Texas, Boston, Dallas, Filadélfia e Seattle. A rede nacional será construída pela provedora de internet sem fio Clearwire, que na semana anterior ao acordo com o Google assinou uma parceria de 20 anos com a Sprint.

Aposta

Terceira maior provedora de telefonia celular dos EUA, a Sprint tem perdido assinantes para a rival Verizon Communications Inc. e AT&T Inc., e seu investimento de US$ 3 bilhões na rede nacional sinaliza uma clara guinada estratégica. "Estamos sozinhos nessa, e muitas pessoas estão esperando para ver o que acontece. O modelo de negócios é fantástico, e acreditamos que será o motor de crescimento da nossa empresa nos próximos anos", disse o diretor de tecnologia da Sprint, Barry West, ao site palmbeachpost.com. Da mesma forma que muitos outros na indústria, West acredita que o WiMax multiplicará a variedade de aparelhos que antes não se conectavam entre si ou à internet; um exemplo seriam câmeras digitais com WiMax embutido, que podem transmitir imediatamente as fotos foto para sites ou outros locais. As velocidades de download variam entre 3mbps e 4 mbps e as de upload em cerca da metade disso, explicou West, sem no entanto revelar o valor do investimento da Google ou do preço da assinatura do serviço.

Para Charles Golvin, analista da Forrester Research, o entusiasmo dos consumidores com o iPhone, da Apple, mostra que existe um "apetite por melhores experiências de mobilidade online". Mas a aposta da Sprint é arriscada, observa. "A empresa está deixando os modelos já estabelecidos de negócios para celulares, tentando pensar de forma diferente e oferecer uma ampla gama de serviços. Mas, apesar de os investimentos da indústria wireless em dados e ofertas de mídia não terem dado retorno até agora, "o que a Sprint está abraçando e perseguindo é a idéia da ’internet real’ em aparelhos móveis para usuários em trânsito. E se estão investindo tanto é porque contam com um retorno nada banal."

Brasil

A tecnologia WiMax, de alcance muito maior do que a WiFi, é particularmente atraente para zonas rurais e países em desenvolvimento. Em nosso mercado, a primeira localidade a testar uma rede WiMax foi Parintins, em plena Floresta Amazônica. A tecnologia da Intel cobriu 48 km do território da ilha, como informou o Meio & Mensagem Online em setembro passado (leia aqui). Dois meses depois, a TVA e a Samsung Electronics assinaram acordo para o lançamento de WiMax pela operadora, como divulgado em novembro (clique aqui para saber mais).