08 fevereiro, 2006

Sul-africano faz primeiro longa-metragem em celular

Oito celulares, US$ 160 mil e uma idéia na cabeça. Será esse o futuro do cinema? O diretor sul-africano Aryan Kaganof acredita que sim. E, para provar que está certo, dirigiu SMS Sugar Man, projeto classificado como o primeiro longa-metragem do mundo gravado inteiramente em celulares. O filme tem um site, no endereço www.smssugarman.com.

SMS Sugar Man foi gravado com oito câmeras de celulares no prazo de 11 dias. O filme tem três personagens principais e seu orçamento é inferior a 1 milhão de rand (US$ 164 mil). Além de exibição em salas convencionais de cinema, o filme será transmitido a celulares na forma de três episódios de 30 minutos, no prazo de um mês.

Kaganof diz que a história de um cafetão e de duas prostitutas de alta classe percorrendo as ruas de Joanesburgo na véspera do Natal abrirá o caminho para uma nova e democrática abordagem cinematográfica, que reduzirá os custos envolvidos tanto em fazer quanto em assistir filmes.
"Acredito que o cinema, na África do Sul, não seja a mídia apropriada para representar quem somos... trata-se de um fenômeno majoritariamente branco. E aí me ocorreu que a mídia que os africanos amam acima de todas as outras são os celulares", disse ele à Reuters.
Kaganoff - que ironicamente só adquiriu seu primeiro celular no ano passado para fazer o filme - descartou as preocupações quanto à qualidade e disse que as imagens pareciam "fabulosas" quando ampliadas para 35 milímetros, a bitola padrão de um longa-metragem.

Embora filmes produzidos na África ou que a tenham por tema estejam conquistando a atenção fora do continente mais pobre do mundo, as pequenas audiências na região - onde a maioria das pessoas não tem dinheiro para bancar uma noite de cinema - dificultam a situação financeira dos cineastas. Encontrar um modelo de cinema de baixo orçamento como o da Nigéria, onde a indústria cinematográfica nacional, conhecida como "Nollywood", tem imensa popularidade, é a única maneira de garantir o futuro dos filmes na África do Sul, segundo Kaganoff.

SMS Sugar Man, que estréia em maio, custou apenas uma fração dos cerca de 6 milhões de rand tipicamente investidos em um filme local de baixo orçamento. Para comparação, os filmes de Hollywood custam entre US$ 40 e US$ 50 milhões, tipicamente, e muitas vezes excedem os US$ 100 milhões. Mais informações sobre o diretor podem ser obtidas no seu site, no endereço www.kaganof.com.

Reuters